Série semanal sobre a moda e os museus.
Existem museus relacionados à moda que podem ser inscritos em muitas categorias.
Museus de artefatos e indumentária, museus de artes decorativas, museus que possuem um patrono (como é o caso do Museu Armani), museus de técnicas e tecnologias, e também museus-casa, como o Palazzo Fortuny em Veneza. Este tipo de museu poderia até ser confundido com um museu que tem seu patrono – como o Armani, previamente mencionado) -, mas a diferença reside no fato de que o espaço do museu, no caso do museu-casa, é o lugar onde esse criador viveu e produziu suas grandes obras.
Os museus-casa oferecem uma possibilidade de aprendizagem bem particular, sobretudo relacionando-o com a moda. Eles normalmente têm foco no modo de vida desse criador e na interferência de sua vida privada na vida pública (profissional) e vice-versa. Assim, a própria casa e sua decoração passa a ser um ponto de interesse para compreender suas escolhas criativas na moda. É exatamente isso que vemos no Palazzo Fortuny em Veneza, que foi a casa de um dos mais importantes criadores de moda do início do século 20.
Mariano Fortuny nasceu na Espanha, mas por razões familiares, acabou mudando-se para Veneza aos 18 anos. Ele pertencia a uma família muito interessada em artes e seu pai também tinha sido artista. Fortuny teve a oportunidade de desenvolver diferentes linguagens artísticas, como pintura, escultura e cenografia além de dedicar-se às artes decorativas, aos tecidos, à estamparia e às roupas.
Sua criação mais famosa no universo da moda, o vestido Delphos (1909), é então o resultado de seu conhecimento têxtil e trabalho dedicado como artesão. De modelagem bastante básica, pois trata-se de uma túnica inspirada na escultura em bronze Auriga de Delfos (474 a.C.), o charme da criação encontra-se no cetim de seda plissado. Essa escolha, colocou o Delphos em consonância com as linhas do Art Nouveau, movimento artístico que despontou a partir de 1890 e se caracterizava pela fluidez e sinuosidade.
O visitante do Museu Fortuny - lugar onde Fortuny viveu e recuperou para transformá-lo em sua casa-laboratório -, verá muitas coisas além do Delphos no momento de aprender sobre moda. Ele deverá observar, por exemplo, a influência da cidade (famosíssima desde a Idade Média pela produção têxtil e artística) na suas criações, a herança profissional dos antepassados de Fortuny que também trabalhavam com tecidos e com arte e o espírito do tempo, que pode-se dizer, contrasta com a Veneza medieval. O grande espaço de sua casa, onde Fortuny pôde instalar, também, todos os seus equipamentos para desenhar e projetar, livros de consulta etc., contribuiu para sua criação. Sua biblioteca e sala de estudos, inclusive, está intacta e pode ser admirada através de um vidro.
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