Anos 1950: a estética do amor genuíno e puro.
Se a pesquisa de figurinistas nos permite acessar no cinema à história da moda quando o tempo do filme é o passado, ver um filme mais antigo amplia ainda mais esse contato com um outro momento histórico. Nesses filmes, por exemplo, podemos ver a estética do cinema da época, os padrões de corpo das pessoas, o modo como falam etc. Prestando bastante atenção, pode ser uma forma bem importante de pesquisar a cultura material de um período.
No filme Férias em Roma, uma produção americana de 1953, temo acesso a todas essas informações, uma vez que observamos o vestuário da época e, também, o comportamento relacionado a cada um dos papeis, especialmente os principais. Os atores Audrey Hepburn (que alguns anos depois seria a personagem principal de Bonequinha de Luxo e responsável por imortalizar o "pretinho básico") e Gregory Peck, fizeram o par romântico teoricamente improvável.
Um ponto muito interessante para os interessados por moda, é observar o figurino da personagem principal, que na verdade era uma princesa que passava férias anônimas em Roma. A Cidade Eterna, como assim é chamada na literatura, era não só um cenário de felicidade e bem estar, mas também um sinal que mostrava ao público do filme o surgimento do turismo como uma atividade de lazer completa, para viver novas experiências, fazer compras e desfrutar da cultura estereotipada, como andar de motorino ou sorvete na Piazza di Spagna - aliás, praticamente na frente da Bulgari. Todas essas atividades e expectativas, só eram possíveis graças a um período de prosperidade e paz que o pós-guerra significou.
Assim, para quem quer entender a moda especificamente, o filme é útil para ir além de identificar o estilo do vestuário. Mais do que observar que a silhueta chamada New Look estava presente nas roupas de Audrey Hepburn em cada um de seus detalhes, notar a criação do sentido da roupa de férias - hoje chamada coleção resort -, mostra a conexão entre muitos pontos da cultura da moda.
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