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Moda e economia criativa: o trabalho como freelancer

Atualizado: 8 de mar. de 2021




A moda, embora não esteja incluída entre as clássicas categorias da indústria criativa, onde entram a música, o cinema e a literatura, por exemplo, não está fora da economia da cultura, pois não há dúvidas que ela é um pólo de atração de interesse cultural. Cidades como as capitais da moda, por exemplo, não tiram a moda de seu sistema cultura e enfatizam que seus trabalhadores criativos - de designers a fotógrafos, passando por maquiadores e bordadeiras -, são artistas. Assim, os dados apurados por esse setor, contam para a economia criativa.


Segundo a Creative Industries Federation, no Reino Unido, enquanto apenas 15% das pessoas que trabalham em indústrias não-criativas se definem como freelancers ou self-employed, nas indústrias criativas – da qual a moda faz parte em nossa perspectiva -, esse número chega a 47%. Cabe uma ressalva importante que vem da nossa experiência: os profissionais freelancers, na maioria das vezes, são aqueles que trabalham em alguma das atividades ligadas ao produto final da empresa e não na sua estrutura administrativa. Pensando as designações generalistas da CIF, esses freelancers, quando atuantes na moda, na maioria das vezes operam entre produtores (alguém que faz algo, como a estruturação da coleção ou a modelagem), artistas (que cria estampas ou peças, mas também podem trabalhar na fotografia, vídeo etc.) e consultores (que funcionam na orientação e direcionamento do negócio, mas sempre com essa visão mais artística).


Ainda que a atividade independente sempre seja sujeita a questionamentos em virtude da insegurança econômica que lhe é inerente, não há dúvida que, muitas vezes, os resultados financeiros são bem melhores que aqueles possíveis dentro dos setores de especialização, sobretudo quando falamos de moda. Os custos trabalhistas impactam diretamente no salário de um funcionário contratado e, dependendo do grau de especialidade e experiência do freelancer, seus ganhos podem superar muitas vezes aquilo que seria possível dentro de uma empresa. Os estudos, contudo, dizem que a decisão por tornar-se um freelancer, na maioria das vezes, não costuma ser a financeira. Essa decisão é mais ligada ao controle do tempo, ao prazer no trabalho criativo, da possibilidade de conciliação com outras atividades e, muitas vezes, à extrema especialidade de uma atividade o que, via de regra, o alça a uma categoria de alta remuneração.


Nesse mercado de trabalho, o tipo de acordo que profissionais e empresas estabelecem pode ser tão variado, a ponto de ser quase impossível descrevê-los. Podemos falar de contratos contínuos, intermitentes e esporádicos. Eles podem ser especializados em uma parte da atividade ou genéricos, permitindo inclusive a subcontratação de outros freelancers especializados. Podem também incluir a relação com fornecedores e com o ciclo produtivo, o que cria uma relação muito profunda com o contratante mas, existem também aqueles que se limitam apenas a ideias, "assinaturas", supervisões de um trabalho que é, na prática, realizado por profissionais da empresa. Nesse caso os freelancers são vistos como experts, ou seja, nomes fortes que podem ajudar inclusive nas vendas e na promoção dos produtos. Normalmente, esses contratos envolvem muitos zeros e podemos dizer que sim, que vale a pena ser freelancer.


Desde a década de 1980 o trabalho em regime de contratação por projeto cresceu muito no mundo e no Brasil. Isso ocorreu por uma certa lógica do mercado de moda mas, também, em função da digitalização de muitas operações. Antes de as empresas adquirirem seus computadores, softwares e treinarem seu pessoal, os freelancers na área de moda, já o faziam. Isso tem sua lógica indiscutível: pessoas mais jovens, mais conectadas com a rede externa, mais inconformadas, querendo mais diferenciais, com mais tempo para aprender e para estar fora da caixa, quase sempre são as inovadoras.


O trabalho freelancer, com a grande vantagem da autonomia, está muito ligado à inovação e à ousadia. As novidades chegam, normalmente, pelas mãos e cabeças de quem vem de fora, concordam várias pesquisas.

20 anos depois, com a digitalização a pleno vapor, ficou mais fácil ainda a conexão dos profissionais freelancers com as empresas em todos os seus pontos de contato, desde a primeira abordagem até o envio de trabalhos para aprovação e continuidade. Essa situação se acentuou ainda mais nos últimos anos principalmente a partir das redes sociais e do comércio eletrônico e, em algumas áreas, o trabalho freelancer na área criativa pode ser fusion ou superfusion, ou seja, pode misturar-se com outros campos: por exemplo, quem faz a arte já faz o mock-up digital. Softwares que automatizam esses processos estão aí para não deixar mentir quando afirmamos que é cada vez mais difícil definir os limites do profissional freelancer na área criativa.





Mas além da superfusion, que é um dos grandes desafios enfrentados pelos profissionais freelancers, encontra-se a gestão do empreendimento pessoal como, no mínimo, uma tarefa a mais. Além de ser necessário definir preços e administrar as finanças e a situação trabalhista individual (pagamento de impostos, INSS, emissão de notas etc.), é necessário ser o CEO estrategista, publicitário, relações públicas e atendimento ao cliente. A alta demanda de tarefas, facilitada pela internet, também acabou gerando mais e mais trabalho e exigindo, cada vez mais, o tratamento da atividade profissional de modo sistematizado e analítico.





Se você quiser saber mais sobre o trabalho freelancer na moda, participe do talk com Luciana Gragnato que vai acontecer no dia 10 de março. Clique aqui para se inscrever. Quem se inscrever, ganhará um e-book kit de sobrevivência para freelancers.











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