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De volta para o futuro: o papel do artesanato na moda contemporânea

Atualizado: 31 de ago de 2022



Cena do filme De volta para o futuro (1985)


Você se lembra qual é a premissa básica do filme De volta para o futuro de 1985? Um retorno ao passado, com o objetivo de corrigir algumas coisas que vão mal no presente, mas sem desfazer a história que vivemos. Essa mesma oportunidade de redirecionar e não exatamente de reviver, é o que podemos observar hoje quando o assunto é o artesanato na moda: falamos em repensar os tempos, em manter vibrantes identidades e tradições, em dar mais sentido ao trabalho humano, em sermos mais “únicos” e mais “originais”, além de, obviamente, promover uma cultura de moda mais sustentável.


O artesanato na moda se fortaleceu como tendência na moda a partir de 2013, quando a tragédia do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, mostrou ao mundo que a produção massiva de roupas baratas significava a exploração do trabalho em níveis inadmissíveis. Principalmente entre os mais jovens, a tendência de recusar-se colaborar com uma indústria predadora, estimulou o gosto por práticas e estéticas ligadas ao feito a mão. Aos poucos, ideias que surgiram entre os mais contestadores, se propagaram a ponto que de que, no final dos 2010, as próprias marcas de fast fashion já imitavam trabalhos artesanais, fingindo em alguma medida serem coadjuvantes do slow fashion. Não por acaso inúmeras delas têm sido acusadas de apropriação cultural.



Carolina Herrera, marca de luxo, também foi acusada em 2019 de apropriação cultural da cultura mexicana.


Mas aquilo que poderia ser passageiro, ou, pior, uma simples tendência estética e vazia de significados (fad), de fato vem ganhando mais e mais valor, principalmente porque vivemos o encontro de dois fatos complementares: por um lado, uma certa vergonha coletiva de colaborar com a insustentabilidade na moda e, por outro, a demanda das redes sociais por mostrar pessoas reais fazendo coisas e os bastidores da produção, de como uma maquiagem é feita a como uma roupa é produzida. Assim, a cultura do artesanato na moda se fortalece porque está alinhada ao mundo que vivemos em 360 graus: ela é identitária, é exclusiva, é sustentável e é real.


Não é por acaso que as grandes marcas de alta-costura internacional têm trazido para o prêt-à-porter de luxo o que há de melhor em termos de artesanato. A Vogue destacou, entre outras, que o tricô, o crochê, o patchwork, inúmeros bordados entre outras técnicas estiveram nas passarelas do último verão da Chloé, Valentino, Bottega Veneta, Marni, Fendi, Christian Dior e Alberta Ferretti. Nós mesmas da Fashion For Future oferecemos recentemente uma masterclass sobre o assunto (Os segredos dos têxteis) e publicamos uma série de posts no instagram dedicados à manipulação artesanal dos tecidos.




Apesar de, ao ver as passarelas, considerarmos tudo muito lindo e incrível, sabemos também o quanto é difícil encontrar consumidores que valorizem tudo o que o trabalho artesanal condensa e que queiram pagar por esse trabalho. Sobretudo em uma sociedade como a nossa, onde, muitas vezes o artesanato têxtil está ligado a um conceito equivocado de “produto barato” e mão-de-obra desqualificada, devemos trabalhar para mudar a cabeça das pessoas.


A pergunta que fica então é:

seria possível incorporar o artesanato a nossas coleções e ao mesmo tempo ter sucesso comercial? Com certeza, a resposta é sim.

A qualidade e a originalidade do produto


É impossível oferecer um produto com todas essas características e, ainda por cima, barato. Isso significaria perpetuar a exploração do trabalho multidimensionalmente (carga horária, remuneração, produtividade, simplificação etc.), de maneira que a estratégia número 1 é valorizar e promover a ideia da peça única, sua qualidade formal, sua originalidade criativa. A própria Forbes, uma das publicações globais mais prestigiadas na área de negócios, a respeito do papel do artesanato na moda afirma que “a autenticidade é a chave não só do produto, mas também das estratégias de marketing”, pois esse mundo real dialoga diretamente com o consumidor atual. Assim, entendemos que é importante não só falar das características visuais dos produtos, mas principalmente dos processos, que é o que mais cativa as pessoas e o que, de fato, é mais importante.


Segundo especialistas, o produto de moda artesanal ou com elementos artesanais, tem o poder de provocar empatia e senso de pertencimento, pois em alguma medida todos nós estivemos em contato com esses fazeres. Diferentemente da lógica industrial, na qual nos sentimos distantes dos meios e processos produtivos (você sabe como uma roda é produzida ou como um chip é montado?), o trabalho feito a mão (não só roupas, mas também comidas, por exemplo), é um ativador de memórias e lembranças de um passado que não foi totalmente apagado. Ao contrário, é afetivo e singular.


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