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O desenho e o designer de moda

Atualizado: 3 de nov. de 2020




Há alguns anos, ilustrar era fundamental para ser um designer de moda ou estilista. A ideia de que a qualidade da criação dependia fundamentalmente do traço e do desenho, foi se tornando uma verdade indiscutível. Esse "mito" se desenvolveu a partir da crença que criadores de moda (notadamente os couturiers), eram equivalentes aos artistas e, portanto, esse tipo de habilidade era muito valorizada.


Com o passar do tempo, principalmente depois dos anos 1950, quando se deu a expansão da mídia especializada em moda, a criação deixou de ser dependente do desenho, pois surgiram os ilustradores gráficos, que podiam fazer desenhos maravilhosos sem serem eles mesmos os criadores do modelo. Observando as revistas das décadas de 1940 a 1970, por exemplo, fica muito claro que a ilustração de moda é uma coisa e o desenho que representa o produto é outra. Não é por acaso que, normalmente, ao lado das ilustrações onde se simulava o caimento, as cores e os tecidos, havia sempre um mini desenho técnico, mais preciso mas menos charmoso.


Nesta publicação do tipo Manequim, a ilustração de moda tem o papel de convencer sobre a beleza do modelo enquanto o desenho técnico, bem pequeno, mostra a forma e a construção.


Esse pequeno exemplo ilustra muito bem o que a Professora Daniela Nunes, especialista na área de modelagem e coordenadora no Centro Universitário Senac-SP, afirma: "O desenho e a produção de moda sempre caminharam juntos. É a maneira que a equipe de criação tem, dentro do processo industrial, de representar o que se deseja produzir. Além de ser instrucional, o desenho serve também para controlar o que está sendo produzido, já que o produto final será comparado ao desenho".


Mas então temos, no universo da moda como um produto industrial - aquele que está à venda nas lojas de fast-fashion ou no mercado de prêt-à-porter -, pelo menos dois (porque existem outros também) tipos de desenho: um, mais idealizado, que apresenta os elementos estéticos de uma roupa de uma forma mais narrativa - a fluidez, a transparência, as composição cromática, o movimento etc. -, e outro, mais descritivo, que tem o objetivo de informar o setor de produção - modelagem e costura - o que e como uma peça deve ser produzida. Quanto mais detalhado e preciso for esse desenho, o fluxo de trabalho será mais eficiente.


A Professora Daniela Nunes, responsável por ministrar cursos e workshops de desenho técnico de moda na Fashion For Future e nas principais universidades brasileiras, salienta necessidade do criador apropriar-se do desenho técnico para transmitir à cadeia produtiva as informações sobre o produto que ele desenvolveu. Ela tem notado que os profissionais não dominam o desenho quando, por exemplo, "usam medidas aleatoriamente, sem considerar relação entre as medidas dos desenhos e as medidas do corpos humano". Assim, em seus cursos, ela ajuda o estudante não a reproduzir os modelos que vê, mas a refletir sobre a necessidade de representar, exatamente, aquilo que se deseja produzir para um corpo real.



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Mas se desenhar pode ser uma atividade fundamental para o designer, saber interpretar os desenhos é imprescindível, também, para todas as pessoas envolvidas com produtos de moda. Segundo Nunes, "um comprador de moda, por exemplo, ao adquirir um produto que vem de outro continente, parte daquilo que está especificado no desenho técnico, pois as características do produto estão descritas lá. Nesse mundo globalizado, é fundamental dominar essa ferramenta, que é quase a linguagem universal do produto de moda".


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