Em 2019 a Itália foi eleita o país mais fashionable do mundo. Entre outras razões, isso se deve à existência de um sistema de ensino sólido e legitimado pelos principais atores da cultura de moda: indústrias (ou recrutadores em geral) e a mídia especializada. O resultado disso é que mais da metade dos alunos das faculdades e escolas de moda italianas são estrangeiros, o que permite ao mercado de educação em moda crescer a cada ano sem nenhum limite imposto pela demanda local, pois aqui "roubam-se" os estudantes do mercado educacional de seus países de origem.
Para alcançar esse resultado, a educação em moda é considerada uma atividade econômica séria, respeitada pela indústria que absorve os egressos e também suportada pelo governo que incentiva e apoia a realização de eventos de grande visibilidade. Esse é o caso do Fashion Graduate Italia, que em 2019 chegou à sua terceira edição e consolidou-se como o "Open Fashion Week" dos estudantes. Note-se: dos estudante e não das escolas de moda.
O evento é suportado pela prefeitura de Milão, pelas escolas e faculdades de moda italianas participantes, pela mídia e por 19 empresas que investiram em seu prestígio cultural por meio da associação de suas marcas à tradição e qualidade que o design italiano significa. Contudo, é na capacidade que esses agentes possuem de articular as pessoas que tornam a moda um dos motores da economia italiana, que o sucesso do evento reside. A mídia internacional especializada e os recrutadores e representantes das indústrias italianas e estrangeiras, estão de olho nos designers do futuro. Os desfiles dos estudantes selecionados por cada uma dessas escolas, apresenta ao mercado aquilo que, por aqui, se chama o "design emergente", que é a geração que vai dar conta de continuar a fazer a moda do país ser cada vez mais prestigiada.
O Fashion Graduate tem como produto principal os desfiles (aliás, disputadíssimos), mas também a apresentação e divulgação das faculdades e escolas (num formato de stand tradicional). Além disso, executa a revisão de portfólio dos alunos dessas escolas trazendo ao evento profissionais do porte, como alguns da Vogue Talents e outros da LVMH. Ao mesmo tempo, futuros estudantes de moda - inclusive estrangeiros - mas que ainda não entraram em seu período de formação profissional, visitam o evento para conhecer a filosofia dessas escolas e sua oferta formativa. Na maioria das vezes trata-se da Laurea Triennale - um curso com 3 anos de duração -, além da oferta dos masters, que normalmente tem de um a dois anos de duração e é quase sempre uma formação prática.
Mas o que atrai pessoas para estudar na Itália e como o Fashion Graduate é uma vitrine dessa formação? Podemos dizer que um dos segredos do Fashion Graduate é apresentar de forma objetiva e em apenas 4 dias consecutivos resultados claros da Plataforma de Formação em Moda na Itália, que é um ente à parte. Seria impossível alcançar os mesmos resultados isoladamente:
Nessa edição estiveram presentes 19 escolas de moda e ao todo, foram desfiladas 1050 peças produzidas por estudantes rigorosamente selecionados, o que ofereceu, à mídia e aos empreendedores, recursos humanos e materiais para refletir. Em segundo lugar, houve um serviço de recrutamento speed de estudantes, serviços de análise de portfólio liderados por quem mais entende de emergent design, além de talks e workshops que atraíram o público externo e os profissionais de educação. No total, alcançou-se a meta de 7.000 visitantes, comprovando o potencial que a educação em moda e a cultura de moda têm para a Itália.
Assim, a Itália tem se esforçado, cada vez mais, por criar um sistema de formação em moda poderoso e global: oferta de aulas em inglês, estrutura física de ponta, fortalecimento entre a relação da sociedade, da indústria e da formação em moda, além de investir fortemente em especialistas que organizem currículos de interesse global. Isso significa que a educação em moda é constantemente renovada e as escolas conseguem se antecipar às demandas futuras.
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