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Você será paga para ser ouvida!



De maneira rasa e simplificada, é isso mesmo. Consultores de imagem, personal stylists ou personal shoppers com foco em moda, são remunerados para emitirem sua opinião pessoal sobre a imagem de outras pessoas. Opinar não é julgar, mas sim, administrar as condições e as variáveis existentes com foco em um objetivo: o sucesso pessoal de quem procura por seu serviço.


Não é muito extensa a lista de estudos científicos sobre a consultoria de imagem em termos de um negócio de moda, sobretudo de forma mais sistematizada e voltados para aspectos operacionais desse tipo de profissão. Entretanto, sendo a atividade de consultoria de moda equivalente a qualquer outra consultoria pessoal ou mesmo de negócios, é indiscutível que seu objetivo final é orientado para o progresso do cliente. A diferença maior que encontramos em relação a outros tipos de consultoria é que, sendo o fenômeno da moda tão sujeito à abstração, como mensurar resultados obtidos pela consultoria?


Como surge a demanda pelas consultorias de moda?


Os passos iniciais para avaliar os resultados obtidos é entender como a necessidade de se buscar um consultor de imagem surge. Nesse momento, por mais que atualmente a demanda pela consultoria seja alimentada pela projeção pessoal, não há dúvidas que ela se instala a partir dos discursos produzidos por todo o sistema que anuncia as mudanças visuais provocadas pelo lançamento de novos produtos e novos modos de portá-los que produz discursos razoavelmente homogêneos elas. Além das próprias marcas de moda, fazem parte desse jogo as revistas e editores, as empresas de publicidade e eventos, jornalistas, escolas de moda etc. Em essência, todos são consultores de imagem.


Assim, acompanhar essa transformação e renovação constante e veloz, pode, em alguns momentos, ser considerada tarefa árdua e profissional. Eis que entram em cena as atividades relacionadas à consultoria, à mentoria ou simplesmente serviços de informação do tipo auto-ajuda (livros, youtubers, revistas etc.) que podem ser amplos ou semi-personalizados (“se você tem o corpo x, o cabelo y, ou tal estilo de vida este conteúdo é para você!”). Esses atores fornecem não somente a informação atualizada e simplificada, como também a sua adaptação a diversas finalidades: corpos, idades, lifestyles, gênero etc. Assim, ao invés de tornar a atividade do vestir-se simples, na verdade, ela fica cada vez mais complexa.


Qual é a lógica da consultoria (não só a de moda)?


Se falamos principalmente de consultorias ou mentorias individualizadas, a atividade tem seu foco na indução de uma mudança de comportamento (por exemplo, adoção de novos hábitos de vestimenta e maquiagem, novo corte de cabelo, nova seleção de peças ou até mesmo um estilo). A ideia, contudo, não é fornecer uma informação passageira, mas sim trazer um benefício que persista mesmo quando o serviço de consultoria chegue ao seu fim.


Qual a base do convencimento de que a consultoria é benéfica e positiva e, principalmente, que traz o resultado desejado, como autoconfiança, sucesso e progresso? A mesma que encontramos na consultoria de negócios: desenvolvimento de práticas baseadas em princípios, regras e procedimentos que, se repetidos, nos levam ao resultado desejado.


Você pode esperar alguma remuneração por sua opinião sobre moda?


Em resumo, a pergunta é se você reúne as competências necessárias para atuar na consultoria de imagem, atendendo diretamente uma clientela determinada ou, inclusive, se pode fazer isso atuando em revistas, em e-commerces, em varejistas etc. Qual o conhecimento e a atitude esperada dos profissionais consultores?


Os especialistas na área de negócios afirmam que um consultor deve aportar elementos de uma (ou sua) ideologia, novas ideias, novas formas organizacionais, novas técnicas, novos produtos ou novas tendências, isto é, ele deve ter muita inovação e criatividade. No caso da moda, deve haver um ganho e um diferencial muito claro em relação às informações genéricas que podemos encontrar soltas em qualquer lugar. Por exemplo: informações sobre novos designers, marcas autorais, prestadores de serviços da área, dicas de livros, vídeos, revistas etc. Um repertório de exemplos que fujam do lugar comum, dicas preciosas exclusivas que consideram as características pessoais do cliente, entre outras.


Dentre os resultados esperados para o consultor de imagem, podemos nos inspirar naquelas mesmas oferecidas pelas consultorias de negócios. A inovação é a principal delas, seguida pela reestruturação. A essência da consultoria, é que o ponto de partida não é satisfatório e, portanto, a mudança é necessária com foco nos objetivos propostos e promessa de progresso. A consultoria deve vender a simplificação e segurança em tudo aquilo que, na vida do cliente, é complicado e causa angústia e preocupação.


Segundo o especialista David Strang afirmam no livro The Oxford Handbook of Management Consulting (que não é sobre consultoria de moda, mas sobre consultoria em geral), a consultoria é retroalimentada. Consultores geram conteúdo opinativo para então criar demanda sobre suas opiniões. Por isso, sim, se você tem as características anteriormente mencionadas, poderá ser remunerado ou remunerada por suas opiniões.


Contudo, Strang afirma que o valor da consultoria, cada vez mais, se distancia das generalidades. No caso da moda, coisas como “vista-se respeitando os limites de seu corpo” ou “esta cor fica melhor para seu tom de pele” perde valor se a consultoria for capaz de indicar, tecnicamente, as características específicas das peças que você deve dar preferência ou a razão pela qual determinadas cores seriam mais adequadas.


Por que ele insiste nessa abordagem? Porque para os especialistas da área, sendo generalista, qualquer consultoria perde impacto. Ao ser substituída por consultas mais focadas em aspectos técnicos, ela traz mais resultados objetivos e quantificáveis e, principalmente, que geram confiança.

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