Se você quiser ser um designer de moda que busca uma identidade única e ser reconhecido por ela, você deve evitar qualquer estereótipo. Sabe o motivo? Porque os estereótipos e as linguagens simplificadas, são as primeiras soluções encontradas e, portanto, as menos valorizadas.
Um dos grandes problemas no desenvolvimento de coleções de moda a partir de temas, é a tendência a ser figurativo, isto é, se nossa coleção fala da Festa Junina, passamos a usar xadrez, vestidos floridos, chapéu de palha e trancinhas na coleção. Isso, na verdade, seria um figurino ou uma fantasia, e não uma coleção contemporânea. Podemos até dizer que existem marcas de muito sucesso - inclusive internacionais - que são 100% estereotipadas. Podemos falar, por exemplo, da italiana Dolce & Gabbana, que usa elementos da Sicília em todas as suas coleções. É verdade, porém, também é verdade que o público dos produtos da marca que possuem essa linguagem, têm também um alinhamento com a roupa mais teatralizada e expressiva, que não é o caso da imensa maioria dos consumidores de moda no mundo. Vamos a um exemplo?
O primeiro passo para criar coleções de moda é, sem dúvida, encontrar um mood, ou seja, criar um ambiente que nos dê referências para extrair formas, cores, materiais, estampas, ornamentos, silhuetas etc., que darão origem à coleção. Assim, poderemos transferir para as roupas e acessórios criados toda a gama de sensações obtidas num painel.
Então, por exemplo, retomando a questão da Festa Junina: o contraste de cores, o ritmo e velocidade das danças, o uso de acabamentos rústicos, o embelezar-se feminino (maquiagem e tranças), a simplicidade etc., podem ser associados a materiais e a objetos que não sejam fotos de festas juninas para copiar os trajes. É toda essa atmosfera sensorial que deve ser transformada em novas criações.
Assim, o objetivo do mood ou painel é dar ao designer todos os elementos formais projetuais: aquilo que ele vai usar como material de criação. Por isso, um painel bem feito normalmente resulta em uma excelente coleção.
A segunda etapa, deste modo, é criar peças que funcionem de acordo com o estilo da marca e usuário, em alinhamento com aquelas referências estéticas. Devemos notar, nesse momento, que um mesmo tema pode ser explorado de diferentes maneiras por diversas marcas, pois elas olham para usuários diferentes e, portanto, escolhem outros materiais e silhuetas. O tema, então, não deve ser pensado como uma referência fotográfica - uma representação -, mas sim como um traço - uma abstração.
Daí pra frente, desenhar a coleção dependerá dos estudos que possamos fazer de público, de mercado, do segmento que trabalhos e principalmente do tipo de produto que fazemos. Porque essa é a coisa maravilhosa do projeto: você pensa uma vez mas cria inúmeros produtos para qualquer público ou contexto. Você gostaria de aprender a realizar um projeto de moda do zero e criar sua própria marca ou inovar em linhas de produtos? Participe de nosso programa de Alta Formação Internacional "Desenvolvimento de Projetos de Moda."
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