Camp: Notes on Fashion, é o tema de 2019 para o Met Gala e também para a exposição do Costume Fashion Institute. Esse tema é inspirado no ensaio da filósofa Susan Sontag Notes on Camp publicado em 1964. Nele, Sonatag define o termo ‘camp’ como algo escandalosamente artificial, inadequado ou desatualizado a ponto de ser considerado divertido. Também é um estilo ou modo de expressão pessoal ou da criatividade, que é absurdamente explosivo e que frequentemente funde elementos de cultura erudita e popular. E assim, tudo o que é camp, atrai o olhar porque é considerado de mau-gosto ou porque tem uma provocação irônica pela inadequação. E se atrai o olhar, inevitavelmente será fotografado. Em Sobre a Fotografia, que Sontag publicou em 1977, ela já antecipava que “hoje tudo existe para terminar numa foto”. Nessa obra a filósofa apresenta reflexões sobre o “mundo-imagem” abordando ambiguidades que geram consequências sociais nobres ou nocivas. Obviamente sua frase é ainda muito atual, com a internet e as mídias sociais , tudo corre o risco de se tornar ‘camp’ facilmente. Enquanto seus textos são de grande relevância para reflexões diversas sobre o poder da imagem, ela mesma se apresentava indiferente à fotografia. Sontag era comumente retratada com roupas escuras ou básicas e sem interesse, estratégia comum daqueles que não querem ter pensar em que roupa usar e transmitir, inclusive, que estão acima disso. Sontag foi também criticada por aparecer nas entrevistas com cabelos descuidados e sem maquiagem alguma, reforçando o pensamento de que pessoas com ideias atraentes podem dispensar a preocupação com o visual. A maioria de suas fotos são preto e branco, o que ainda hoje é visto como um clássico, mas também dramático. Essas fotos ressaltam conflitos e contradições, o claro e o escuro, visto que o preto e branco depende exclusivamente da luz e não da cor.